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A NOITE
deixamos a lâmpada para trás.
uma cancela separa-nos da noite,
dos arbustos negros que entortam na extremidade
Púlcreo desencantou um maço de cigarros.
os fósforos tremem um pouco,
depois a fumaça sobe pela galáxia
é tão bom viver como nos der na real gana
diz ele
cheira a ervas secas e a bosta fresca
debaixo dos nossos pés, a terra em gelo
geme como os ossos dos velhos
faz-se tarde.
é melhor trincarmos peneiras de funcho,
esfregarmos as mãos com hortelã
digo eu.
é assim que um tipo se faz adulto,
dá trabalho
quanto à noite, que dizer
senão que nos parece um reino incompreensível?
sabe tão bem mijar sem medo de nada
digo eu.
Púlcreo acena com a cabeça: tão bem
diz ele