Arthur Streeton, Tojo florido no início do verão, 1888
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EM NOME DA LUZ
perdoa, perdoa tudo.
em nome das manhãs frescas
dos dias quentes, em nome das ervas
que são ervas mas valem
o teu poema, em nome das prístinas vozes
dos pássaros que se assenhoreiam da terra,
em nome da luz
nunca como eu amaste as coisas simples,
a pele de um fruto, a castidade das pétalas, o brutal ruminar das ondas
no molhe
nunca como eu desejaste o coração tímido
dos minúsculos corpos acesos na terra, a luz que transborda
de pedra em pedra, o rigor de uma equação na
música barroca
também Rothko a tudo o mais renunciou
pela pobreza dos seus campos abertos.
também ele preferiu a evidência da luz a todas as clausuras da boca
ou do amor
nunca como eu atravessaste tu
o silêncio, as formas nuas, ou o abismo ou o brutal ruminar das ondas
perdendo o juízo no molhe
Vincent van Gogh, Amendoeira em Flor (Almond Blossom), 1890
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A AMENDOEIRA DE VAN GOGH
hoje ao entrar na amendoeira de van Gogh calei todos os meus impulsos. o vento era um tudo-nada mais forte, o branco ardia no azul, algures evaporava-me