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SOBRE AS MÃOS
a algidez sobre as mãos deve-se não tanto
às manhãs de dezembro, mas ao lugar sombrio
de onde provêm as palavras, como se a noite
– na sua forma de cinza – pudesse permanecer
por elas e dentro e contra nós
02.12.2025
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O CAOS
os dias atropelam-se às vezes na mesma linha
em que as manhãs pedem um poema
sabemos que o tempo é outro
quando o crocitar das gralhas interrompe a neblina do bosque
e nos torna permeáveis ao frio
deus, talvez uma variável do silêncio, mostra-se
um pouco mais nas mãos
sabemos que o tempo lhe pertence
porque a pele se tinge de medo e de euforia ao sol
e se entrega por completo ao esquecimento
palavras que não são nossas perpassam o ar gélido
e percutem, não indefesas mas caóticas
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