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A AMENDOEIRA DE VAN GOGH
hoje ao entrar na amendoeira de van Gogh
calei todos os meus impulsos.
o vento era um tudo-nada mais forte,
o branco ardia no azul,
algures evaporava-me
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A AMENDOEIRA DE VAN GOGH
hoje ao entrar na amendoeira de van Gogh
calei todos os meus impulsos.
o vento era um tudo-nada mais forte,
o branco ardia no azul,
algures evaporava-me
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NATUREZA MORTA
água vertida no fundo de um copo, quietíssima,
meia broa rodeada de frutos silvestres ao estilo de Chardin,
todas as impurezas e insetos retirados de cena,
extraídas todas as discrepâncias e traços excessivos,
nenhuma palavra e apesar disso a exatidão,
nenhum movimento e ainda assim constrangido o rosto
hipnotizados pelo instante, pelo apelo do silêncio fulgurante,
estudamos o pequeno esqueleto de cada gesto,
a fulgência inerte do pensamento,
nem um abelhão zumbidor atravessando-se na luz,
nem uma só rasura chicoteando na sombra,
uma natureza morta, nascida em cada ângulo do olhar
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«O INCÊNDIO NA CÂMARA DOS COMUNS» (WILLIAM TURNER, 1835)
em todos os séculos o belo nos condenou
à mais pura obsessão